Não percebo!

(Por Maria, in Estátua de Sal, 18/09/2022)


(Este texto resulta de um comentário a um artigo que publicámos de Alexandre Guerreiro ver aqui. Perante tanta verdade junta, resolvi dar-lhe o destaque que, penso, merece.

Estátua de Sal, 18/09/2022)


Não percebo que pessoas com responsabilidades políticas, como uma Ana Gomes, que quis mesmo ser Presidente de um país, possam continuar – porque ela o faz desde o principio do conflito -, a apelar à guerra de forma agressiva e despudorada.

Não percebo que jornalistas como uma Fernanda Câncio que conheci lutadora, interrogadora das verdades oficiais, defensora dos emigrantes e das minorias étnicas, possa ter caído na versão oficial americana sem sequer se preocupar com opiniões fundamentadas de jornalistas que estão efetivamente no terreno.

Não percebo que quem quer que veja uma Ursula von der Leyen fazer um circo quando anuncia a recolha de mais e mais dinheiro, como se estivesse num leilão (para gastar em armas que sabemos hoje estão a ser vendidas na dark net) não fique chocado/a com a frieza e o discurso sinistro dessa mulher.

Não percebo como é que pessoas que já eram adultas nos tempos da grande mentira que foi o Iraque, voltem a acreditar na boa vontade da política externa americana.

Não percebo como é que pessoas que têm obrigação de estar informadas, passam alegremente ao lado das constantes e documentadas exibições da extensão do nazismo ucraniano: Zelenski frequentemente acompanhado por soldados que têm os símbolos nazis bem cozidos nos uniformes que usam; já para não falar do que já se passava antes da guerra quando eram erigidas estátuas a Stepan Bandera por tudo o que era sitio.

Não percebo que gente adulta e informada ponha em dúvida a opinião de pessoas que efetivamente estão aptas a comentar uma guerra de um ponto de vista estratégico – como os generais ditos “putinistas” -, por terem participado nelas nas várias missões que integraram.

Não percebo que gente séria e inteligente não perceba a absoluta incongruência da ascensão de Zelenski ao poder.

Não percebo o mundo em que vivemos em que se fala de guerra como se fala de futebol, em que se acha normal punir um povo inteiro pelas ações de um governante em nome da democracia… (esquecendo-se convenientemente que os portugueses foram recebidos por esse mundo fora quando vivíamos em ditadura e pior, quando fazíamos o nosso próprio Vietnam em Africa…).

Não percebo as pessoas que pretendem que o mundo é preto ou branco, com bons e maus sem sequer tentarem perceber as nuances da Historia.

Não percebo que não choque ninguém a absoluta falta de contraditório a que estamos condenados, ou as hordas de bots que pululam nos comentários das redes sociais, sempre com as mesmas respostas do tipo “estás a ser pago pelo Putin”.

Não percebo que se acredite na verdade oficial do “estamos todos contra a Rússia” quando apenas 15 ou 20% da população mundial acedeu a implementar sanções a esse país. Aliás, este é talvez o único ponto que percebo: é o sintoma do nosso umbiguismo histórico que nos faz acreditar que somos de facto, a par com os EUA, o centro do mundo civilizado.

Por vezes parece-me tudo tão grotesco que quero acreditar que um dia vou acordar e as coisas terão mudado. Mas os meses vão passando e vejo as mesmas pessoas, com os mesmos discursos, com o mesmo palco e aí sim, fico mesmo deprimida! Desculpem o desabafo mas às vezes é preciso exorcizar…

Saúdo o trabalho deste blog que tem mostrado uma coragem admirável ao nadar contra a corrente.


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20 pensamentos sobre “Não percebo!

  1. ” é o sintoma do nosso umbiguismo histórico que nos faz acreditar que somos de facto, a par com os EUA, o centro do mundo civilizado.”

    Isso e a crença que tudo pode ser reformulado, desde que se vote suficientemente no livre mercado de ideias de pessoas racionais, informadas, e preocupadas com o seu semelhante, tornando assim a disputa entre o bem e o mal. Quem conhecer esse mundo que me diga o caminho, sff, que vou indo.
    Mas também porque há, de facto, bots. Como é que para para vir a tudo que tenha caixa de comentários se são o tal país falido já carece de um bocadinho de explicação; dava-nos um jeitaço essa máquina de criar dinheiro, já que nunca há para coisa nenhuma.

  2. Parabéns à autora por dizer aquilo que penso. Não me importo de chocar quem quer que seja: Estes ”
    leader” do ocidente evidenciam toda a hipocrisia do ser humano, escondendo crimes que lhe são imputáveis, fazendo pilhagens de recursos e para isso fazem guerras e matam milhões de pessoas. Esta gentalha que apoia a guerra é a mesma que apoia o imperialismo terrorista. Não esquecer os jornalistas mentirosos e cúmplices com esta guerra promovida e sustentada pelos genocidas dos EUA/NATO. Grato à autora deste artigo “desenpoeirado”, a bem da paz.

    • Subscrevo o texto e também o seu comentário.

      Acrescento outro “não percebo” aos “não percebos” da Maria: como é possível que tanta gente continue a repetir a mentira de que a Crimeia é Ucraniana e que foi anexada “pelo Putin”, quando na realidade aquele povo decidiu livre e democraticamente que era contra o golpe Maidan, era contra a ditadura e a extrema-direita/nazi que se estava a implantar no poder (governo, polícias, e militares) em Kiev, queria voltar oficialmente ao seu país de sempre (Rússia), e sondagens ocidentais posteriores confirmaram os resultados esmagadores do referendo?

      E pior, “não percebo” como é possível que se apoie com dinheiro e armas a ditadura e o exército de nazis que tem como promessa/ameaça o alargamento da guerra até à Crimeia.

      O “não percebo” obviamente vem da perplexidade e da não aceitação da estupidez/ignorância e ódio/belicismo da maioria. Obviamente que todos percebemos (aqui na EstatuaDeSal e noutros espaços ainda Democráticos) muito bem o que está por trás de tudo isto, e de todas essas posições dos “democratas liberais”, desde a Ana Gomes até ao Mário Machado…

      É exatamente por isso que a propaganda atingiu um nível tão gigantesco e agressivo, e que o bullying contra os que usam o cérebro chega a níveis comparáveis com o ódio. Eles (os do império, do sistema, seus vassalos, e avençados) sabem bem o que lhes acontecerá, agora que fizeram all-in na mentira e nas consequências da mentira, no dia em que a maioria do povo Ocidental abrir os olhos.

      Assim, os oligarcas da ditadura Bilderberg/Davos/Bruxelas/Washington, têm 4 opções: guilhotina, forca, suicídio, ou prisão perpétua. Quem é genocida, apoia nazis, manda milhões para a miséria, prende/persegue os jornalistas que ainda dizem a verdade, e arrisca a 3ª Guerra Mundial (que sendo nuclear, será a última…) não merece mais nada.

      Olhando para o Parlamento Português, ficam de fora os 2 partidos que, muitíssimo bem, votaram CONTRA o imperialismo belicista da oligarquia de Washington, votaram CONTRA o aumento da ameaça contra a Rússia e China e Não-Ocidentais, e votaram CONTRA a negociata com a ditadura Turca (AGORA a invadir a Síria e a matar Curdos) que viola Direitos Humanos de refugiados.
      BE e PCP votaram contra o alargamento da NATO: grupo de terrorismo de Estado Ocidental, fundado pelos genocidas USAmericanos, pelos imperialistas Britânicos, e pela ditadura fascista Portuguesa em 1949.

      Uma NATO que teve pouco depois da 2ª Grande Guerra um dirigente (Chairman of Military Committee, 1961-1964) formado, treinado, doutrinado, fanatizado em altos quadros (Operations Chief (nº3 na hierarquia do exército), 1938-1944) dos Nazis: Adolf Heusinger.
      Um tipo procurado pela URSS nos anos 60 para ser julgado pelos crimes de guerra cometidos em territórios ocupados, mas que morreu sem nunca se fazer justiça. E pior, segundo documentos divulgados em 2014, fez parte do Schnez-Truppe, um exército secreto que veteranos da Wehrmacht e das Waffen-SS tentaram criar nos anos 50, a mesma década em que este Nazi foi chefe do exército da Alemanha Ocidental (1957-1961).

      Imaginem que algures nos anos 2010, o Osama Bin Laden despia os trajes com os quais ficou conhecido, testemunhava num julgamento contra gente em posições inferiores na Al-Qaeda, vestia um fato e gravata, e passava a ocupar o lugar que é hoje em dia de Stoltenberg, ou o da Leyen.
      É basicamente esta a história da NATO, mas com Nazis, ou seja, de longe bem piores que a Al-Qaeda.

      Quanto mais se lê sobre a história que fica sempre de fora da propaganda, seja as “notícias” ou os filmes de Hollywood, mais se percebe quanta razão está do lado da Rússia, para se sentir provocada e ameaçada, para não deixar escapar um único suspeito de Nazismo, e para ter de novamente recorrer às armas para derrotar o mal (Nazi) que afinal nunca foi derrotado na Europa, mas apenas travestido e mascarado, e levado ao colo por uma máquina de propaganda da qual Goebbels estaria orgulhoso…

      Por isso para mim, que já era anti-fascista e obviamente anti-nazi, acrescento agora o anti-atlantista.
      É que dizer que aquelas 4 letras significam “North Atlantic Treaty Organization” deve ser o maior eufemismo desde que Hitler se auto-denominou “Humanista”. NATO ou significa Nazis Again Terrorizing Others, ou significa North America Terrorist Oligarchy. Nem mais, nem menos!

      • Sr Carlos Marques disse tudo o que eu gostaria de dizer. Permita-me acrescentar que tudo o que hoje está a acontecer na Europa foi planeado em Washington e claro pelos escroques do poder americano e que a nazi, filha e neta de nazis, admiradora de Romel do Iii Reich, Von der Leyen( eu digo lier, mentirosa) impôs aos restantes estados membros desta”Babel”, que está a caminho da desagregação. Portugal deve começar a prepara-se para sair desta falida UE, a bem de todos os portugueses…

  3. Começamos a estar sitiados,pq quem expressa qualquer opinião que não encaixe no coro e algazarra geral é imediatamente proscrito …..mas o mais deprimente é ver os Jornaleiros de serviço ,regorgitarem sem pestenejar a “missa” que lhes é “ditada” ……sinto que estamos num “Gueto” Social ,que nos levará ao abismo …..

    • Os comentários demoram sempre algum tempo a ser carregados, mas aparecem sempre todos.

      Simplesmente o sistema demora um pouco a processar o comentário e a publicá-lo. Algumas vezes pode demorar uns minutos e outras vezes meia hora, mas aparecem sempre.

      Cumprimentos.

  4. A propósito do texto em apreço: muito bom comentário, a sinceridade de experiência sempre foi e é a melhor maneira de abordar as coisas.

    Também consegue resumir muito bem tudo o que vivemos na atualidade.

    Venham mais que deu gosto a ler.

  5. Subscrevo totalmente as interrogações de Maria!..mas acre

    Subscrevo as reflexões de Maria. Creio que essas pessoas, umas devem ter o “rabo preso” e não podem dar a sua opinião sincera, outras serão idiotas úteis e haverá sempre aquelas que estarão contratadas pelos poderosos e sabem muito bem o que fazem..e sabe-lhes muito bem as chorudas benesses que recebem em troca de serem “vendilhões da verdade”…

  6. Julgo que estamos a regressar à fórmula da República Cristã medieval, que tratava os povos que a ela não pertenciam ou contra ela se rebelavam como inimigos a aniquilar, com base numa superstrutura teologica/ideológica. Um mundo que era suposto ter acabado com a Paz de Westfalia, pondo fim às guerras civis/religiosas que estavam a assolar a Europa. Quem renovará o apelo de então com um “calai-vos (novos)teólogos em matéria que não vos diz respeito”?

  7. Enquanto expresso a minha solidariedade para com o povo da Ucrânia acho que “temos de fazer tudo para pôr fim à guerra”, que só beneficia ou EUA e mata civis inocentes.
    O “maior perdedor” depois da Ucrânia é a União Europeia, que está em “turbulência”, e “claramente carece de liderança, visão e estratégia”, e que depois da Guerra terá que suportar sozinha a reconstrução da Ucrânia e pagar as armas «oferecidas» pelos EUA, apesar da única culpa que nos podem assacar é de obedecer o Patrão, os EUA.
    “Precisamos de reavaliar as sanções. Será que as medidas estavam correctas ou estamos atirando no próprio pé?
    A Europa e o nosso mundo estão a entrar numa prolongada guerra fria com enormes consequências económicas”, e que, a menos que a UE defenda os seus próprios interesses, a levará a enfrentar “problemas existenciais”.

  8. Eu até acho que até percebemos ,na verdade é o comodismo europeu no seu melhor. É muito mais fácil criar uma realidade paralela com ajuda dos EUA do que enfrentar a dura realidade que a europa está em derrocada vitima de mais uma patranha americana.

    • Só acredita nos americanos quem quer.
      Eu cá por mim sou anti-imperialistas, não acredito em foras de lei e “pilha-galinhas”, gente sem carácter e submetida ao “excremento do diabo”(dinheiro).

  9. Não percebes porque és uma ignorante ingénua que anda a papar a conversa dos negacionistas e conspiracionistas. Tu e estes imbecis todos que para aqui andam. Basta ver o que aconteceu a este blog desde a guerra, que se tornou num antro fedorento de xxx. Que tristeza.

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